Semana da Amamentação – Relato Natália Piassentini

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Semana da Amamentação – Relato Natália Piassentini

Não se deixe tapear. Dar a luz, a amamentação é uma aventura pessoal.
Acredite na tua capacidade de amamentar. A maternidade não se resume as vias de parto e amamentação, e sim o conjunto de toda obra.

Amamentar pra mim tem duas versões; uma aos dezessete anos que fracassou, e outra já com vinte e seis e uma cabeça no lugar que buscou informação e mudou sua vida e tudo o que gira em torno dela.

Descobri que estava grávida aos 4 meses de gestação, depois disso, tive só mais 4 meses até a Giulia adiantar sua vinda a este mundo. Foi tudo muito atropelado. Foi muito inesperado, e rápido demais. Eu mal tive tempo de processar a gestação, quiça que era mãe. E o que fazem as mães? Amam seus filhos! Eu amava minha filha, eu só não queria ser mãe. Por que ser mãe solteira aos dezessete anos arrancava olhares tortos em toda esquina, e os curiosos então? Palpites que cresciam na proporção do bebê. Dedos que apontavam por todos os lados e, uma depressão pós-parto me pegou de encontro com um emaranhado de medo e insegurança. Tudo me empurrava na direção oposta aos meus instintos. Tudo me mostrava que eu era a pior mãe da face da terra.

Óbvio que há 14 anos atrás não havia internet e informação como hoje, e o relacionamento com nossas mães, tias, avós, não eram exatamente cheia de braços acolhedores como das nossas matriarcas de antigamente. Claro que elas me acolheram, balançaram o Mateus, ops, digo, a Giulia, e acho que o fizeram até demais, pois depois de duas babás, uma para o dia e outra para a noite, uma que mandava daqui, e a outra que mandava dali, me sobrava tempo e me faltava disposição pra opinar em alguma coisa e assumir meu papel de mãe.

Aos dois meses do bebê, eu já não aguentava mais aquela dor insuportável quando ia amamentá-la. Bicos rachados. Sangue na boca do neném. Um horror desmedido. E eu confesso, aquilo era insuportável demais para aquela menina que “na hora de fazer virava os olhos, né, mas agora não queria amamentar?!”

Por anos me cobrei, por anos eu sofri. Mas eu amava minha filha e fome ela não passava, crescia linda e saudável, e amor, nunca faltava – veja hoje alguém cheia de graça e maior que eu, pra orgulho geral da nação!

Depois de oito anos, outra pessoa comandava minhas escolhas. Alguém mais maduro, seguro e potencialmente fértil, além de casada com o melhor marido e pai do mundo. Claro que eu queria ter outro bebê. Nós queríamos. E então chegou Maria Clara.

Desde antes da concepção, eu sentia que não queria me sentir perdida sem saber o que fazer, e passeava minhas leituras em blogs maternos pelo mundo do Google. E encontrei tanta gente empenhada em uma maternidade mais natural, lúcida, consciente e ativa, tanta informação que eu comia dia após dias, e me nutria daquilo que achava que seria bom para minha família.

Comecei pela Ciência do inicio da vida! Ual! Um espetáculo á parte! Recomendo a pesquisa. Parei em Educação intuitiva. Outro show digno de aplausos. Maternidade com apego, Livre demanda, Cama compartilhada, curso de amamentação, Karina Falsarella e Grupo Vínculo, Dr. Carloz Gonzalez, Laura Gutman, e etc e etc – e quando a Maria chegou, ela foi recebida por pais totalmente preparados para serem pais.

Maria mamou o peito exclusivo até 8 meses, e depois permaneceu até 30 meses no aconchego do colinho. Ela nasceu com 1960kg e 40cm, era um bebê pequeno para idade gestacional, APGAR 9 e 10, mas foi direto para UTI NEO para observação, exames e ganho de peso. As enfermeiras não queriam que eu amamentasse afirmando que apenas o leite materno não iria sustentá-la e faze-la ganhar peso rápido o suficiente para ir embora logo pra casa. O tempo estimado de alta eram 20 dias.

Quando encontrei com a Maria no dia seguinte a cesárea, em uma encubadora, tão pequena, frágil e tão minha, um filme da minha preparação ao longo dos 9 meses passou pela minha cabeça; a bucha vegetal no banho todos os dias para a aréola engrossar, a concha com furo todos os dias para fazer bico, o Kama sutra da amamentação dos cursos, eu sabia o que fazer, e naquele momento meu instinto mãe leoa gritou e então peguei meu filhote no colo e o alimentei – mesmo com os olhares de reprovação das enfermeiras. Mas elas foram inteligentes por não interromper, nenhuma pessoa com a sanidade mental em dia interrompe uma mãe alimentando sua cria, nenhuma! E em 5 dias estávamos todos em casa, com um bebê de 2100kg. E dá-le tetas!

Fazendo uma analogia simples entre as duas versões, não precisamos de muito para comprovar a origem do problema: a falta de informação. Claro, sem generalizações. Não é apenas a informação, ela é um dos pilares do sucesso na amamentação, seguido pelo desejo e o preparo físico e emocional. Cada um com seus limites, necessidades e oportunidades. Mas no enredo do meu contexto a informação foi capaz de mudar o rumo da história e transformar as nossas vidas.

São os momentos que formam o livro de nossas vidas. Ao rever suas páginas, raramente fazemos sem lamentar dolorosamente pelo que poderíamos ter feito, deveríamos ter dito, ou pelos caminhos que poderíamos ter seguido, obtendo melhores resultados.
Como mãe, certamente eu não fiz tudo com perfeição. Longe disso. Muitas coisas, eu faria diferente, se pudesse. Mas não se deixe tapear. Dar a luz, amamentar é uma aventura pessoal. Acredite na tua capacidade de amamentar. A maternidade não se resume as vias de parto e amamentação, e sim o conjunto de toda obra.
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Óbvio que esse post tem cara de relato, mas tem também um apelo para o terceiro princípio da Educação Intuitiva:

“A amamentação satisfaz as necessidades do bebê relativamente à melhor nutrição possível e contato físico. A amamentação traz muitos benefícios para ele, a mãe e a sociedade, e é a forma mais natural de satisfazer a maior parte das necessidades físicas.

Embora a amamentação seja a forma ideal de alimentar um bebê, os pais que não amamentam podem mesmo assim praticar a Educação Intuitiva.

Encorajamos os pais que alimentam o bebê com mamadeira a adotar comportamentos de “amamentação”. Por outras palavras, pegue no seu bebê, fale-lhe e mude de posição enquanto dá a mamadeira. Evite a tentação de deixa-lo mamar sozinho, dado que o seu bebê irá beneficiar bastante com o seu contato e colo.

Vantagens para a mãe e família:

1. Poupa dinheiro – o suficiente durante um ano para comprar um grande electrodoméstico
2. Poupa tempo – não há leite para preparar ou mamadeiras para lavar
3. Prático em casa e em viagens
4. Ativa hormônios maternais que promovem comportamentos de ligação e acalmam a mãe
5. Ajuda a mãe a descansar mais
6. Ajuda a proteger a mãe contra o cancro da mama

Vantagens para o bebé:

1. Concebido biologicamente para o bebê humano, contém os nutrientes necessários e na quantidade adequada; é de fácil digestão
2. Confere imunidade a certas doenças e viroses
3. Protege contra alguns tipos de cancro, de acordo com as mais recentes investigações
4. Mantém o bebê próximo da mãe e oferece conforto
5. Ajuda a fortalecer os maxilares, olhos e a formação dos dentes
6. Menor probabilidade de desenvolvimento de alergias
7· Evite reger-se pelo relógio ou calendário. Siga as pistas do seu bebê em vez do relógio ou do calendário.·

O desmame é um processo mútuo determinado pela preparação do bebê e da mãe e deve acontecer naturalmente (“Desmame em cooperação”).

O código da Organização Mundial de Saúde (O.M.S.) recomenda a amamentação até aos dois anos de idade, no mínimo.

Se der a mamadeira, adote comportamentos de amamentação:

1. Pegue no seu bebê quando lhe der a mamadeira, nunca o deixe a só.
2. Estabeleça um bom contato visual nos momentos em que o seu bebê está atento e interessado.
3. Mude de posição de um lado para o outro; isto ajuda a fortalecer os olhos do bebê.
4. Fale ao bebê de forma carinhosa nos momentos em que lhe dá a mamadeira.

Leia o 4º principio da educação intuitiva: Transportar o bebê ao colo; o contato afetivo.
Fonte: Praticando a disciplina intuitiva

 

Especial Semana Mundial do aleitamento materno, com amor e muito peito,

Naty, Esposa do Bruno, Mãe da Giu e da Maria

Natália Piassentini, Campinas, Amamentação