Maternidade

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Maternidade

Ser mãe me trouxe à vida. A maternidade foi realmente algo transformador, inimaginável e imensurável. Deixei a Natália de lado e me tornei mãe.

É a experiência mais surreal, desconcertante e parecida com um sonho que já me aconteceu. A melhor fatia do bolo, com certeza.

Instinto materno

E então que mergulhada num turbilhão de emoções dessa tal maternidade, instinto materno, leite, fraldas e substâncias do amor, passamos um longo período como bicho lideradas por nossos instintos mais inatos e primitivos, protegendo, lambendo e vivendo apenas para a nossa cria, alheias ao mundo lá fora, alheias a nós mesmas. Estamos programadas pra isso. E isso nos basta.

Pois bem, você acorda um dia e percebe que seu pequeno esfuziante cresceu, sua casa não está mais como era antigamente, suas paredes estão rabiscadas, seu marido já não te olha mais com aquela cara de quem olha e come com os olhos, suas roupas não cabem mais e você não tem nenhum sapato novo de salto estonteante.
Não é justo.

Ser mãe é padecer no paraíso!

Clichê! Mas estas palavras nunca fizeram tanto sentido antes. Mas a maternidade vale a pena, inquestionavelmente, sim!

No entanto, as sementes florescem e o tempo passa – e como passa. E pra onde foi aquela mulher feminina?

Sabemos ser mãe, sabemos ser donas de casa, cozinheira, profissional, esposa, exemplo, mas  naturalmente chega um ponto que é preciso resgatar, inventar e reinventar o compromisso consigo mesma.

O encontro com a sua sombra

Precisamos encarar a situação e nos preparar para o encontro com este novo eu, pois escolhas são embasadas em reflexões e o tempo não pode ser dramático e sim de construção.

Posso me preocupar em cuidar  do meu corpo, cabelo, unha, maquiagem, academia, massagem, alimentação, posso comprar roupas novas, ler um livro em um dia, um banho de 15 minutos sozinha no banheiro, apaixonar por si mesma, um pouco de auto-estima, uma noite com minhas amigas e sem filhos, uma viagem com meu marido, sem as crianças e sem culpa?

Sem culpa

Já queimamos os sutiãs. Escalamos o Everest. Governamos um país. Mas ainda assim o comportamento social cultural dominante e seus paradigmas lideram a massa e impelem a imagem de que a mulher deve ser subserviente e submissa apenas a cozinha, a mãe, a dona de casa…

Eu sou totalmente a favor da família. Acredito desde sempre que a formação do ser humano começa em casa, e é onde meu tesouro está, onde meu coração está, minha prioridade, meu tudo, mas em tudo precisamos do ponto para equilibrar tudo.

As palavras soam frágeis e egocêntricas, mas no íntimo eu só queria expressar que eu posso, além de mãe e esposa mantenedora do lar, pensar em mim também, ser um pouquinho e singelamente eu.

As cobranças

Somos cobradas para que o nosso desempenho seja digno de nota em todas as funções que exercemos, e nos dedicamos de corpo e alma a isso, vivemos pra isso e despretensiosamente, quando digo pensar um pouco na mulher em mim não quero dizer abrir mão de tudo que sou hoje, muito pelo contrário, eu só quero um espaço pra mim nessa corda bamba que eu me equilibro todos os dias.

Mais que um desejo, uma questão de necessidade.

Vencedora, madura, forte, determinada, e acima de tudo mulher e realizada. Um espaço em meu coração se abriu e eu sinto o vento no rosto novamente.

O amor possui muitas faces, e o amor próprio é aquele essencial pra selar o compromisso com a vida, com as vidas. Porque mesmo tendo conquistado tantas coisas, tantos passos e caminhos ainda assim não é nada fácil ser mulher. Paixão pela vida e por aquela que você viu hoje cedo no espelho. Um batom vermelho, e um brinde às mulheres. E você? O que tem feito pela mulher em você?

Se você é de Campinas ou região, vem participar de uma ação do ccc em parceria com o Ckamura e a Marcia Haranaka lá no grupo do Facebook, para acessar, link AQUI.

Com amor,

Naty
@nataliapiassentini