“Leitura para mulheres e homens de peito. Amamentação, além de ser um ato de amor, é uma decisão sua, e deve ser respeitada.”
Há exatos 22 meses, carrego minha filha no peito, mesmo trabalhando. Isso só é, e foi, possível por que tive apoio e, mais que isso, perseverança. Mesmo com todo acesso à informação e recursos para buscar ajuda profissional, não me livrei das fissuras, dores, dúvidas e intolerância social. Por isso resolvi dividir com vocês, mamãe e papai – já que dos 10.000 leitores diários, uma parcela expressiva é de papais – o movimento a favor da amamentação que aconteceu aqui em Campinas no mês de Agosto.
Além de um lindo resumo do “A Hora do Mamaço 2015 – Campinas”, vou compartilhar informações importantes sobre a volta ao trabalho e a alimentação do bebê, um texto disponibilizado gentilmente por Gabriela Silva e Adriana de Lima Mello, através do Arte de Nascer.
O A Hora do Mamaço, acontece no Brasil todos os anos desde 2012, e nesse ano especialmente teve edições internacionais. Esse é um movimento que apoia a amamentação. Eu gosto de enfatizar que muito mais que o incentivo a amamentação, qualquer ação que promova informação tem meu respeito e admiração.
E assim como eu, mais três mamães aqui da nossa cidade, abraçaram a organização e realização do encontro.
Pensamos muito e acionamos órgãos públicos e privados para levar conforto, estrutura e informação para todas as pessoas presentes na Praça Carlos Gomes no dia 01 de Agosto de 2015.
E sinceramente me emociono ao lembrar das mais de 100 mamães com seus filhos e cartazes nas ruas do centro de Campinas, informando para a sociedade que amamentar e trabalhar é possível.
Eu, particularmente, não parabenizo ninguém pela ação, já que o movimento foi além – foram o apoio à causa e a disseminação de informação para a sociedade que mereceram, sim, muitos aplausos.
Sociedade muitas vezes intolerante, já que durante a passeata, mesmo com pais e filhos pedindo gentilmente momentos a mais para a travessia de pedestres (mães com carrinhos de bebê e filhos no colo), houve “uma fina” de um veículo e buzinas que pareciam ansiosas com o relógio que não marcava sequer 1 minuto a mais.
Eu quero mesmo é agradecer formalmente a cada cidadão que compareceu com seus filhos e até dividiu publicamente histórias e dificuldades. Obrigado a Ketre Guimarães, Vanessa de Araújo, Erika Bongusta que junto a mim, Juliana Franco, dedicaram muitas horas dos seus dias buscando o melhor para cada pessoa presente.
Agradeço também a SANASA, que através de solicitação formal, apoiou o movimento disponibilizando água potável para os presentes.
A característica principal da ação em Campinas foi levar informação que pudesse auxiliar as mamães e futuras mamães a continuarem a amamentar, mesmo na volta ao trabalho.
Conseguimos através da Gabriela Giacheta, que é enfermeira, uma aula ao ar livre de ordenha manual, mostrando que organicamente nós, mamães, somos capazes, com muito treino e dedicação, de promover a continuação da amamentação mesmo retomando à rotina profissional.
No final desse texto, segue o material distribuído para auxiliar as mamães nessa fase tão delicada que é a volta ao trabalho.
Esse material impresso só foi possível graças ao apoio privado da empresa Café Nogueira, que sempre recebe gentilmente pedidos de apoio social e atende seus clientes com o mesmo carinho e comprometimento através de produtos que são sinônimo de qualidade.
Durante toda a manhã nessa praça, pude observar sorrisos e muita conversa entre mulheres que buscam somar e compartilhar cada conquista no quesito maternidade.
Ao olhar do fotógrafo Glauber Carrião, que gentilmente me acompanhou para registrar toda a movimentação, esses olhares e esse momento se perpetuaram, já que é possível sentir o amor em cada registro fotográfico.
Famílias reunidas por uma causa me arrepiam e me fazem crer que os valores e respeito ainda são as características sociais mais latentes da humanidade.
Fotos “A Hora do Mamaço 2015” Campinas SP – Glauber Carrião
“A VOLTA AO TRABALHO E ALIMENTAÇÃO DO BEBÊ”
Por Adriana de Lima Mello e Gabriela Silva
Enfermeiras consultoras em aleitamento materno – www.artedenascer.com.br
Amamentar é um ato fisiológico e natural, realmente é sim, é instintivo para o bebê, mas muitas dificuldades podem surgir, pois não podemos esquecer que somos seres humanos e carregamos muitas programações afetivas e culturais, que interferem no processo de amamentação.
Apoio, orientação, paciência e acolhimento são fundamentais para sucesso no aleitamento materno. Quando tudo vai bem com aleitamento, amamentar é o momento mais gostoso de troca com o bebê e passa a se tornar a maior preocupação da mamãe que voltará a trabalhar.
E agora vou ter que desmamar o meu bebê??? Mas é o nosso momento mais íntimo e delicioso!!!
Esta é uma entre tantas outras preocupações que surgem neste momento de mudança de rotina e medo de quebra do vínculo, continuar amamentando é um alimento afetivo de extrema importância para mulher e seu bebê.
Quanto à amamentação já vamos despreocupando e dizendo de antemão que NÃO é preciso parar de amamentar. Será preciso determinação, um pouco de dedicação e colaboração do berçário e/ou cuidador que optarem.
Aqui seguiremos com orientações importantes quanto à coleta, armazenando e alimentação do bebê com leite humano materno ordenhado.
Algumas dicas são importantes antes do retorno ao trabalho, sendo elas: manter o aleitamento materno exclusivo, conhecer as facilidades para a retirada e armazenamento do leite no local de trabalho (privacidade, geladeira, horários), praticar a ordenha do leite e congelar para usar no futuro e iniciar o estoque de leite 15 dias antes do retorno ao trabalho.
Após o retorno ao trabalho: amamentar com frequência (sempre que bebê desejar) quando estiver em casa, inclusive à noite e evitar mamadeiras; oferecer a alimentação por meio de copo e colher; durante as horas de trabalho, esvaziar as mamas por meio de ordenha e guardar o leite em geladeira. Levar para casa e oferecer à criança no mesmo dia ou no dia seguinte ou congelar.
Leite cru (não pasteurizado) pode ser conservado em geladeira por 12 horas e, no freezer ou congelador, por 15 dias.
Como extrair o leite?
Em primeiro lugar temos que lembrar sempre que não há ordenha (extração de leite) sem massagem, o segredo de uma boa ordenha é a massagem!
DICA: o leite fica em forma de gel nas mamas por isso é importante a massagem para liquidifica-lo.
A ordenha pode ser realizada de forma manual (ordenha manual) ou com bombas extratoras, mas cuidado: as bombas extratoras devem ser de boa qualidade e utilizadas de forma correta, procure a orientação de um profissional antes do uso. Os primeiros jatos de leite devem ser desprezados.
NÃO são recomendadas bombas com “pera”, tipo buzina de bicicleta e nem bombas que parecem uma seringa e acoplam somente nos mamilos puxando os mesmos para frente. Se a bomba não for de boa qualidade é mais seguro e recomendável que a ordenha seja realizada manualmente mesmo.
Recomendo bombas elétricas ou manuais de boa qualidade que acoplem em toda a mama:
O leite extraído deve ser acondicionado em potes pequenos de plástico duro ou vidro, que possam ser lavados com uma escova ou com a mão, com detergente e depois fervidos ou esterilizados (depois que a água levanta fervura abaixa-se o fogo e mantém em fervura por 15 minutos).
Como conservar o leite?
O leite materno ordenhado por você na sua casa é o que chamamos de “leite cru”, portanto deve-se seguir cuidadosamente as orientações abaixo para guardar, congelar e descongelar o leite.
Validade do leite Cru | |
Forma de Acondicionamento | Tempo de Validade |
Refrigerador (Geladeira)*NÃO pode ser na porta | 12 horas |
Freezer ou congelador | 15 dias |
Tempo de ValidadeRefrigerador (Geladeira)
*NÃO pode ser na porta
12 horasFreezer ou congelador15 dias
Para misturar leite fresco ao leite já refrigerado, recomenda-se que extrai em um novo recipiente e após a extração resfrie-o antes de juntar ao que já foi refrigerado ou congelado, recomenda-se que se junte apenas leites extraídos na mesma data.
Como descongelar o leite?
O leite deve ser descongelado lentamente deixando-o no refrigerador na noite anterior ao consumo ou algumas horas antes.
Agite o recipiente com o leite em água quente, não fervendo. Recomenda-se esquentar uma água em banho-maria, desligá-la e após aquecer o leite.
É possível descongelar no micro-ondas desde que certifique-se de que o mesmo não ultrapassa 45ºc.
Importante: Cuidado o calor excessivo destrói as enzimas e proteínas presentes no leite, descongele sempre a quantidade total, pois as gorduras se separam ao congelar.
Depois de descongelado o leite deve ser consumido em 24 horas.
Não se recomenda re-congelar o leite após ter sido descongelado parcial ou totalmente.
Se houver sobra de leite morno no recipiente esterilizado este pode ser resfriado apenas uma vez para a próxima oferta. NUNCA use o leite que ficou no recipiente em que o bebê mamou, pois a saliva pode contaminar o mesmo.
Como alimentar o bebê com o leite ordenhado?
A OMS (Organização Mundial de Saúde), UNICEF e diversos outros órgãos ligados ao cuidado com o bebê NÃO recomendam o uso de mamadeira, pois mamadeiras e chupetas podem levar a um fenômeno chamado “confusão de bicos”, situação em que o bebê fica “preguiçoso” de “ordenhar” o peito com a língua, pois é muito mais trabalhoso do que “chupar” a mamadeira.
Desta forma recomendamos que o bebê seja alimentado através de colher, xícara ou copinho. Quando o desmame ocorre na época da mãe voltar ao trabalho (4 ou 5 meses) podemos também tentar o uso do copo de transição.
A técnica recomendada para oferecer o leite desta forma é:
– Acomodar o bebê desperto e tranquilo no colo, na posição sentada ou semi-sentada, sendo que a cabeça forme um ângulo de 90º com o pescoço;
– Encostar a borda do copo no lábio inferior do bebê e deixar o leite materno tocar o lábio. O bebê fará movimentos de lambida do leite, seguidos de deglutição;
Não despejar o leite na boca do bebê.
Fontes:
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar / Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2009.
112 p. : il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n. 23)
LIVRO: “da gravidez à amamentação”, Vitória Pamplona, Tomaz Pinheiro da Costa, Marcus Renato de Carvalho. São Paulo: Integrare Editora, 2010.
Vídeos recomendados:
Ministério da Saúde – AMAMENTAÇÃO MUITO MAIS DO QUE ALIMENTAR UMA CRIANÇA
http://youtu.be/rV3kkFnl4pM
Ministério da Saúde – AMAMENTAÇÃO DÚVIDAS E PREOCUPAÇÕES